5 passos para envolver a família na rotina familiar

Tempo de leitura: 8 minutos

Você anda se sentindo culpada e estressada por não conseguir organizar a rotina familiar sozinha? 

Sente que ninguém te ajuda, que as crianças não colaboram, que o marido mais atrapalha que ajuda e por aí vai?

Saber usar a inteligência emocional a seu favor, ou seja, se conectar consigo mesma e com os outros de forma harmoniosa, envolvendo a sua família na base da confiança, é possuir sabedoria.

Tudo começa quando assumimos a responsabilidade para nós e a partir daí buscamos soluções para transformar nossas vidas.

Família reunida para brincar

Eu entrevistei a Clarissa Yakiara, psicóloga e fundadora da Escola de Pais Bee Family, sobre como podemos envolver toda a família, crianças e companheiros, nas tarefas do dia a dia e contar com uma colaboração harmoniosa na hora de organizar a rotina familiar.


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A base de um rotina familiar tranquila é a gente se manter bem conectada e disponível para a criança. Dessa forma, nutrimos a criança, facilitando as interações e a cooperação. Ela passará a permitir que a gente a guie para as atividades que precisam ser feitas.

1º PASSO: Entender que as crianças estão formando hábitos. É preciso ter paciência e repetir as coisas várias vezes.

Repetir muitas vezes para que a criança entenda e execute uma determinada tarefa é comum. Isso acontece porque a criança vai memorizando aos poucos. Ela aprende por repetição.

Mas um problema comum e que poucos pais percebem é que a forma como se transmite a mensagem pode não estar clara para a criança. Por isso, seja objetivo e claro na sua comunicação. E caso perceba que a criança não está respondendo mesmo após várias tentativas, é preciso verificar se ela está agindo para chamar a atenção.

João Joaquim adora preparar o café da manhã junto com a gente

2º PASSO: Se conectar com a criança, estar verdadeiramente disponível para ela.  

É preciso se desconectar do virtual e se conectar de forma visual, olhando nos olhos, com a expressão corporal e a facial relaxadas, com o tom de voz suave. Essas medidas farão com que a criança entenda que você está ali disponível para ela. Ela se sentirá pertencida a família.

Momento de conexão

3º PASSO: Manter sua mente no estado presente, consciente do que está fazendo, falando e ouvindo. 

E como se manter presente com a cabeça pensando mil coisas?

Estamos constantemente presentes com o corpo, mas ausentes mentalmente. Já reparou quando alguém fala com você e você custa a responder porque estava com a cabeça em outro lugar?

Pois é, fica difícil conversar com alguém assim. As crianças percebem isso de forma muito clara. Então, a dica para você se manter presente de fato é colocar a atenção na respiração. Sempre que sua cabeça começar a oscilar entre o passado e o futuro se volte para o presente respirando conscientemente.

Vai brincar com seu filho, mas você está sem paciência no momento, faça o exercício de respirar profundamente. Diga a palavra paz a cada expiração e sinta a diferença no seu estado e emocional.

Meditar ajuda a manter a mente no momento presente e a controlar mais as emoções.

4º PASSO: Seja um exemplo para que os outros da família sintam vontade de participar das tarefas da rotina familiar.

E se o marido não participa das tarefas do lar? Como inseri-lo nas obrigações da rotina familiar?

Muitas mulheres têm parceiros que não participam da criação dos filhos e muito menos participam das tarefas do lar. Em muitas situações, esses acordos são definidos logo no início do matrimônio, quando a mulher assume as tarefas da casa sozinha, enquanto o marido trabalha ou vice e versa. Ou até mesmo acaba assumindo tudo para agradá-lo.

Com a chegada dos filhos, tudo muda e a mulher passa a não querer assumir todas as obrigações sozinhas. Porém, o companheiro pode não ser flexível a essa mudança. E a relação começa a se estremecer por falta da colaboração de uma das partes.

Nesse caso, o diálogo deve ser o primeiro passo para trazer à consciência às necessidades dessa nova família. Comunicar o que cada um sente e fazer novos acordos é um dos caminhos que levará ao resgate da união.

Afinal, não é possível mudar ao outro, mas podemos mudar a nós mesmos. Dando o exemplo, há chances do parceiro ver, ouvir e sentir que precisa participar dessa nova rotina familiar.

Aqui em casa cada um de nós tem uma função dentro da rotina familiar.

Foque em ser um exemplo daquilo que você deseja. Faça e observe se o que você está fazendo é por obrigação ou por amor. Perceba se você está de fato ali presente, se está sentindo prazer no que está fazendo.

Às vezes, exigimos do outro algo que nem nós conseguimos fazer em excelência. Se você tiver que fazer porque você “tem que”, é esse o exemplo que você estará passando.

Quanto mais você se abrir para esse processo, mais você abrirá espaço para esse parceiro se aproximar e vivenciar essa relação da mesma forma.

5º PASSO: Estabeleça limites para a criança, sendo firme, mas sem ficar com raiva.

Toda criança precisa de limites. Isso faz parte de educar. O problema é que muitas vezes saímos do corpo ao tentar impor limites a eles. Principalmente porque não toleramos muito bem a quantidade de “nãos” que recebemos dos pequenos. Muitas vezes, eles até se jogam no chão, gritam, choram demasiadamente ou simplesmente ignoram o que solicitamos.

Nesse caso, é importante saber como apresentar o limite à criança.

Chegar de repente, sem avisar, e parar de repente uma atividade que a criança esteja inserida, não é o mais adequado. Seria interessante começar a avisar uns minutos antes e até mesmo fazer acordos. Exemplo:

-Está na hora de tomar banho. 

-Ah, mãe, não quero.

-Você pode terminar de fazer tal coisa e vamos para o banho.

Se chegar o momento de ir e à criança não quiser, você pode tentar usar o lúdico para que ela colabore. Exemplo:

-Vamos escolher um brinquedo para tomar banho com você? Que tal dar banho naquele dinossauro?

É importante lembrar que pode haver situações em que seja necessário repetir a chamada várias vezes e nesse momento você precisa trabalhar o autocontrole para você não entrar na reatividade.  

Porque quando apresentamos um limite, a criança se volta para dentro de si e começa a nos mostrar todos os momentos em que ela se sentiu desconectada ao longo do dia ou que ela não tenha sentido essa nossa conexão, esse nosso contato, ou por não ter estado com a gente, ou pela nossa falta de conexão.

E é nesse momento que costuma vir à tona um conflito. E a maneira natural dela colocar para fora essas angústias, esses medos, é através do choro, do grito. E se a gente consegue apresentar o limite e ficar disponível para escutar o que ela trouxe, a criança consegue limpar as emoções e nós conseguimos conduzir o que precisa ser feito.

Nesse processo, é extremamente importante treinar a nossa escuta e a presença. Pois é bem desafiador ficar parado ouvindo a criança chorar, sem se distrair ou até mesmo querer sair dali, mostrando para ela que o que ela sente é importante, que pra nós é importante ouvi-la. E ela vai entender tudo isso se estivermos presentes para ela.

Exemplo:

  • Filho, agora é hora do banho.

Criança chora, grita, foge.

  • Filho, mamãe entende que você está triste, que está bravo, mas agora é hora do banho. (E você fica ali, só ouvindo.). 
  • Tá bom, mamãe, então, eu posso levar meu brinquedo?

Esse choro da criança é natural, mas é um choro atendido. Dessa forma, você cria um ambiente seguro para que essa criança possa expressar o que ela está sentindo.

Existem várias formas de se conectar com a criança. O meu João responde muito bem à musicalidade. Quando imponho um limite, geralmente é o da hora de dormir, ele sai correndo pela casa e se joga no chão. Eu começo a cantar uma música pra ele e em poucos minutos ele vem correndo para meus braços e se entrega para eu levá-lo para a cama. Esse é um método muito usado nas escolas Waldorf. Elas usam o canto para conduzir as crianças para as atividades.

E por aí, como estão lidando com o envolvimento da família na rotina familiar? Espero que tenham curtido o texto! Deixe seu comentário ou dúvida.

Até um próximo post!! 

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